segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Eficiência energética e renováveis ganham com aumento do IVA na electricidade

O aumento do IVA na electricidade, dos actuais seis por cento para os anunciados 23 por cento, vai beneficiar o mercado da eficiência energética e da microgeração, revelam ao AmbienteOnline os representantes destes segmentos. Conforme explica Miguel Matias, presidente da Associação de Empresas de Serviços de Energia, esta medida vai «obrigar as empresas a olhar para os custos com a energia – na ordem dos 10 por cento dos custos de produção – e geri-los da melhor forma». Tal poderá passar por efectuar auditorias energéticas e implementar medidas de redução do consumo, ou ainda implementar formas alternativas de produção de energia.

Repercutindo-se este valor no consumidor final a eficiência vai ter de aumentar. Isto significa que para as empresas que efectuam auditorias e certificações energéticas, a procura deverá aumentar. Mas Miguel Matias acredita também que este é o tempo de passar à acção. «Acabou-se a emissão dos certificados energéticos sem a aplicação de mais medidas. Agora será mais importante a fase seguinte, de implantação das medidas de redução de consumo energético. Penso que aí estará o foco neste domínio», sublinha. Neste sentido, também terão de aumentar as políticas públicas de eficiência energética nos edifícios públicos, aponta. João Carvalho, vice-presidente da Associação Portuguesa de Indústria Solar (Apisolar), é da mesma opinião: «A medida vai promover comportamentos eficientes», uma vez que o imposto é também um regulador de consumos.

De um modo geral, diz o também responsável da SelfEnergy, o aumento do IVA é uma boa notícia porque «torna mais justo e equitativo» o panorama nacional das energias. É que enquanto o gás natural tinha uma taxa de seis por cento, os serviços de instalação de painéis solares, por exemplo, estavam taxados a 23 por cento.

«O preço da energia produzida via microgeração já não está tão longe do preço da energia eléctrica que pagamos ao distribuidor. Aliás, penso que por volta de 2014 ou 2015 a microgeração possa alcançar custos de rede, daí que a indústria das renováveis se tenha de preparar para competir de igual para igual», aventa Miguel Matias.