domingo, 25 de abril de 2010

Mais de metade das casas portuguesas consome energia em excesso

Certificação energética tem contribuído para conhecer as necessidades do parque habitacional, que hoje já conta com cinco milhões de casas.




Ter um certificado energético não é uma moda. Este documento - que atesta o desempenho energético da sua casa (quanto consome) - além de ser obrigatório para todos os edifícios e para todas as casas transaccionadas desde o início de 2009, serve como um guia para saber quais as melhorias energéticas que pode fazer, para assim reduzir a sua factura energética. É por isso que, mais do que um documento analítico, o certificado energético tem contribuído para conhecer a qualidade das casas portuguesas, que na sua maioria não são eficientes.



De acordo com o presidente da Agência para a Energia, Alexandre Fernandes, "cerca de 65% dos cinco milhões de casas, que constituem o nosso parque habitacional, precisa de melhorias energéticas", o que representa "um potencial de negócio enorme", referiu em entrevista ao Diário Económico. Contas feitas, são cerca de três milhões de casas que têm um consumo de energia acima da média.



De acordo com o mesmo responsável, "o parque habitacional que mais precisa de melhorias é o dos anos 70", mas as casas construídas nos anos 80 também. "Os regulamentos na área térmica só apareceram nos anos 90 e nos anos 80, com o ‘boom' da construção de casas, dava-se mais valor à proximidade dos transportes e das escolas do que à eficiência energética. Além de que, o nosso clima pode distorcer a necessidade de maior eficiência energética nas casas".



Esta forma de estar deu resultados negativos e hoje, avaliando os certificados já emitidos, "cerca de 32% das 200 mil casas transaccionadas por ano são de classe C". O número de casas com bom desempenho energético, ou seja, classe A ou A+, é ainda muito diminuto, estando abaixo dos 4% do parque transaccionado. A boa notícia é que, "metade do parque que está agora a ser licenciado já é A ou A+", reparou Alexandre Fernandes.



É exactamente para impulsionar as melhorias nas casas que a Adene, entidade tutelada pelo ministério da Economia, continua a divulgar a certificação energética. De acordo com o presidente da Agência, "a Adene espera atingir as 350 a 400 mil casas certificadas no final do ano". Um número que já é mais do que as casas que se vendem por ano. "Hoje certificam-se cerca de 15 mil casas por mês, mas não se vendem 15 mil casas por mês, o que significa que já se certificam mais casas do que aquelas que se vendem. Actualmente estão a vender-se cerca de 10 a 12 mil casas por mês", disse. No total, já há perto de 300 mil casas certificadas, a maior parte das quais precisa de melhorias energéticas.



Difícil é sensibilizar as pessoas para investir em equipamentos para tornar a sua casa mais eficiente. "Uma casa melhorada pode ter ganhos energéticos equivalentes a cerca de 500 a 600 euros por ano. É mais de um ordenado mínimo adicional ou é como passar a ter um 15º mês. É nessa perspectiva que temos de vender a eficiência energética", rematou Alexandre Fernandes

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