sábado, 18 de abril de 2009

Bancos prestam informação confusa e escassa sobre campanha dos painéis solares


O impulso do Governo às energias renováveis, nomeadamente através do incentivo à compra e instalação de painéis solares térmicos, tem suscitado o interesse dos portugueses. Mas quem se dirige a uma instituição bancária para obter informações sobre o processo, sai de lá pouco convencido. O entusiasmo inicial esbarra na informação escassa e confusa que os bancos prestam.O PÚBLICO fez uma ronda por três instituições bancárias – Caixa Geral de Depósitos (CGD), Banco Espírito Santo (BES) e Millennium bcp – e chegou à conclusão que nenhuma delas está suficientemente preparada para “vender” os painéis solares. Apesar de terem assinado o protocolo em Fevereiro e estarem a vender os painéis há mais de um mês, os bancários, que afirmam não terem recebido qualquer formação nesta matéria, mostram-se ainda muito inseguros. Responder a perguntas tão simples como quais as marcas e produtos disponíveis e respectivos preços parece não ser fácil e demora o tempo da consulta no computador ou de um telefonema a outro colega que está “mais à vontade com este assunto” porque “já fez uma venda”. O desconto de 50 por cento na aquisição dos equipamentos que o Governo anunciou é o que mais atrai o consumidor. Por isso, não é de estranhar que uma das primeiras questões seja sobre o valor da comparticipação. A pergunta é normal, mas as respostas surpreendem. Para além de ter constatado que, afinal, o valor da comparticipação é fixo (1641,70 euros), a reportagem do PÚBLICO verificou que um bancário, para além de não saber o valor, ficou surpreendido ao confirmar que o desconto era imediato e que o cliente só pagava a diferença. A juntar à pouca informação, há ainda aquela que está desactualizada. Tanto na CGD como no BES, pelo menos até dia 8 de Abril, era dito ao cliente que não poderia escolher a marca do seu painel, mas apenas o modelo. Essa informação era também prestada no prospecto do BES onde se podia ler que o banco “não garante a escolha da marca ao cliente”. No entanto, a escolha da marca já é possível desde o dia 18 de Março, data a partir da qual a campanha passou a ter teoricamente mais do que uma marca disponível. Até agora, apenas três empresas comercializam painéis no âmbito do programa: a Vulcano, a OpenPlus e a Norquente.As barreiras multiplicam-se quando se trata de procurar informação sobre os próprios painéis solares. Consultados os bancos, as dúvidas persistiram, por isso o passo seguinte foi a consulta ao sítio da Internet para o qual estas instituições remetem os clientes para mais informações: pmelink.pt. Mas esta opção também não é válida. Neste espaço não há qualquer informação sobre os painéis solares e o mais estranho é que esta é a entidade responsável pela gestão da oferta de equipamentos.A escassa informação aos balcões dos bancos contrasta com notícias do aumento da procura de soluções financeiras para instalar painéis solares. Fontes oficiais do BES, CGD e Millennium bcp garantem que houve um aumento da procura destas soluções depois do lançamento do programa de incentivos fiscais. O BES dá conta de “algumas dezenas” de pedidos por dia e, no Millennium, registou-se “um incremento da procura e um crescimento nos financiamentos concretizados”.José Sócrates não se tem cansado de dizer que esta é uma oportunidade para as empresas portuguesas. A 18 de Março, foram até alteradas algumas regras de acesso à Instalação de Sistemas Solares Térmicos, para dar hipótese às PME de concorrerem no mercado. Estas empresas têm que ter um volume mínimo obrigatório anual de produção e instalação de painéis solares de 500 m2 em vez dos anteriores 50 mil, e vêem diminuído o número mínimo de capacidade de instalações mensais de duas mil para 15. Porém, e apesar destas mudanças, a campanha conta com três marcas.

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